Maximizar o envolvimento dos alunos adultos em ambientes online


Publicado inicialmente por: EBSN CBS Editor
Tradução: EPALE Portugal
Por quê o envolvimento do aluno?
Motivar a participação em programas de aprendizagem tem sido visto, desde há muito tempo, como um tema desafiador também nas políticas e práticas de educação de adultos. É especialmente assim com adultos que não possuem proficiência suficiente em leitura, escrita, numeracia e competências digitais básicas. De acordo com o Eurostat, em 2022, 11,9% das pessoas na UE com idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos participaram em programas de educação ou formação nas 4 semanas anteriores. Este resultado constitui um aumento de 2,8% face aos dados relativos a 2020 e foi também superior ao de 2019 (anterior à pandemia da COVID-19). A motivação dos adultos para aprender varia muito. “A maioria dos adultos com baixas competências participa em formação para melhorar os seus resultados no mercado de trabalho. A maioria (49%) opta por participar em formação relacionada com o emprego para desempenhar melhor o seu trabalho e/ou melhorar as suas perspetivas de carreira. Outros 7% participam para obterem um (novo) emprego e 2% fazem-no para diminuir a probabilidade de perderem o seu emprego.” (OECD 2019 p. 9).
Outro desafio, contudo, merece o mesmo nível de atenção, nomeadamente o envolvimento dos alunos. Mesmo que os operadores de educação de adultos consigam recrutar participantes com sucesso, mantê-los motivados a longo prazo pode facilmente continuar a ser um problema. É ainda mais imperativo se considerarmos que a educação de adultos também está a registar um ritmo acelerado de digitalização, tanto em termos de materiais de aprendizagem, como de ferramentas e de ambiente.
Por quê digital?
A COVID-19 apenas acelerou o processo de digitalização e demonstrou a necessidade de desenvolver melhores estratégias de conceção para adultos do que simplesmente submeter materiais para uma sala de aula online e pedir aos alunos que compareçam na mesma. O setor da educação e da formação tem vindo a transformar-se graças à forte ênfase dada às iniciativas políticas a nível nacional e da UE e aos objetivos de referência estabelecidos para a mudança digital (ver, por exemplo, o Plano de Ação para a Educação Digital 2021-2027, ou a Área Prioritária 5 - transição verde e digital da Nova Agenda Europeia para a Educação de Adultos 2030).
O nosso artigo aborda considerações sobre a forma como os formadores e educadores de adultos podem conceber a sua oferta de aprendizagem digital de uma forma que ajude a manter os seus alunos motivados num ambiente online.
Desafios & estratégias
É importante notar que a manutenção dos alunos é o resultado de um conjunto complexo de ações que podem envolver a conceção da aprendizagem, o desenvolvimento curricular, o incentivo à participação, etc., o que não diz apenas respeito à utilização da ferramenta digital adequada, mas também a todo o processo de conceção da experiência de aprendizagem para adultos. Esta complexidade reflete-se nos enquadramentos gerais a que os profissionais da educação de adultos tendem a referir-se. Knowles (1980) apresenta seis princípios para a sua teoria da aprendizagem de adultos, integrando esta complexidade: a necessidade que os alunos têm de saber; o autoconceito; a experiência anterior; a prontidão para aprender; a orientação para a aprendizagem; e a motivação para aprender. A motivação dos alunos é afetada por vários fatores.
Um estudo de 2019, realizado nos EUA, relatou as seguintes preocupações de estudantes universitários online em relação aos estudos: falta de contacto direto com os colegas e formador; comunicação inconsistente ou inadequada com o formador; dificuldades relacionadas com a motivação, atenção ou foco. O mesmo estudo refere-se a Kahu et al. (2015) que identificaram fatores-chave com impacto positivo no envolvimento dos alunos em ambientes online: interesse pessoal pelo tema; conteúdo do curso alinhado com a sua vida; escolha de temas para trabalho que incluam os seus interesses.
Uma revisão da literatura de 2014 centrada na participação e persistência de alunos adultos em programas de literacia e de numeracia indica que há uma série de barreiras que os adultos enfrentam quando desejam participar em programas de aprendizagem:
- barreiras situacionais relacionadas com os custos da aprendizagem, o local de aprendizagem, cuidados de infância, falta de tempo e de apoio, compromissos com o trabalho, progressão demorada do aluno.
- barreiras institucionais relativas ao acesso insuficiente à informação, limitação do nível e alcance das ofertas de aprendizagem, modalidade de avaliação formal, horários de aulas inconvenientes, apoio inadequado ou inexistente aos alunos, apoio financeiro inconsistente e insuficiente, falta de ênfase nos alunos e de experiências de aprendizagem de qualidade.
- barreiras disposicionais relacionadas com as atitudes e crenças dos alunos sobre si próprios, baixa autoestima, experiências de aprendizagem anteriores, etc.
Para superar essas barreiras, o estudo propõe diferentes abordagens de conceção de aprendizagem que podem ser resumidas da seguinte forma:
- conceção centrada no aluno, tendo em conta que “as necessidades, os pontos fortes, as capacidades, os antecedentes e as experiências anteriores dos alunos são compreendidos e tidos em consideração e a aprendizagem é adaptada aos objetivos, motivações e interesses do aluno”
- conceção flexível, envolvendo o formato (por exemplo, aprendizagem mista e aprendizagem baseada no trabalho) e o conteúdo dos programas de aprendizagem (por exemplo, aprendizagem integrada, aprendizagem social e informal).
Conceção do curso para a aprendizagem online
Há várias ferramentas de conceção de aprendizagem que colocam o envolvimento dos alunos no centro. Nesta secção destacamos duas estruturas principais. Num artigo de investigação de 2019 sobre a forma de melhorar o envolvimento dos alunos adultos em cursos online, os pontos que se seguem são apresentados para serem tido em consideração pelos formadores que concebem um programa de aprendizagem online. O artigo designa esses pontos de componentes críticos do envolvimento e divide-os em três áreas de destaque:
Fator pessoal
- proporcionar opções relacionadas com o interesse pessoal do aluno ao atribuir tarefas
- ativar o quadro de referência e o contexto pessoal do aluno
- incentivar a reflexão ativa entre os alunos
Considerações para ferramentas digitais
As ferramentas mais úteis para garantir essas componentes são as que permitem a edição partilhada em plataforma, ferramentas de apresentação conjunta para apresentações e qualquer software colaborativo de gestão de reuniões que permita salas paralelas.
Interação social
- construir uma comunidade através de ferramentas colaborativas
- garantir a ligação entre formadores e alunos
- garantir a ligação entre pares.
Considerações para ferramentas digitais
Os softwares de gestão de reuniões virtuais são muito úteis nesse aspeto. Até agora, algumas ferramentas tornaram-se amplamente utilizadas devido às restrições da COVID-19 aos programas de aprendizagem presenciais. Poderá ser útil optar por ferramentas de reuniões virtuais que permitam atividades interativas com ferramentas de envolvimento implementadas nos softwares (por exemplo, expressar reações, chat direto, filtros de vídeo envolventes).
Contexto de aprendizagem baseado em problemas
- trabalhar com problemas do mundo real relacionados com as necessidades imediatas do aluno
- especificar uma justificação para a aprendizagem
- manter as atividades alinhadas com o conteúdo do curso
Considerações para ferramentas digitais
Estes componentes dizem respeito principalmente à conceção de tarefas e, como tal, pode ser usada uma ampla gama de ferramentas. Ao atribuir e publicar tarefas, é essencial ter um sistema de gestão de aprendizagem que tenha uma estrutura de conteúdo clara e fácil de seguir, para que os alunos possam navegar entre tarefas e secções.
Embora originalmente o artigo não mencione quaisquer ferramentas ou aplicações digitais, ao garantir os componentes acima, é útil considerá-los vitais para programas online, pois podem levar a uma experiência de aprendizagem mais interativa, socialmente envolvente e prática. Para obter uma lista de ferramentas digitais selecionadas, associadas a programas de aprendizagem de adultos, visite a página dedicada do LinkedIN.

Como escolher ferramentas digitais?
Escolher ferramentas digitais reais pode ser uma tarefa difícil, com diversas opções que exigem que educadores e criadores de cursos reflitam sobre um amplo conjunto de aspetos, o que requere uma atenção cuidadosa. A iniciativa do ISTE, Skillrise, proporciona uma estrutura útil que “orienta educadores e líderes de adultos pelas etapas necessárias para tomarem decisões informadas sobre o modo de selecionar e de usar edtech para apoiar a aprendizagem de adultos de modo a que seja eficaz, inclusiva e eficiente. As etapas descritas na estrutura integram:
- Visão & Prontidão - Como determinar se a sua organização está pronta para investir em tecnologia.
- Capacidade & Desenvolvimento da Equipa - Como garantir que a sua equipa tem as competências e a mentalidade adequadas.
- Investigação & Planeamento - Como saber o que os seus alunos realmente precisam para escolher a tecnologia adequada.
- Aquisição & Implementação - Como fazer escolhas inteligentes na aquisição e na implementação da sua nova tecnologia.
- Redes de Comunicação & Aprendizagem Profissional - Como divulgar a sua nova oferta e ajudar a equipa a aumentar as suas redes profissionais.
Um estudo de caso para uma ferramenta digital - Perculus
Perculus é uma ferramenta digital inovadora que visa o envolvimento do aluno em programas de aprendizagem online. Através dos seus aspetos interativos permite um envolvimento significativo do aluno tanto na tutoria quanto nas atividades de aula. Esta ferramenta dispõe de um instrumento de videoconferência com salas paralelas nas quais os educadores podem adicionar atividades para interação e envolvimento do aluno.
Pode encontrar aqui uma lista dos principais aspetos que favorecem o envolvimento do aluno:
- quebra-gelo: permite reuniões envolventes com jogos potenciais para iniciar as sessões de aprendizagem.
- análise e avaliação: mecanismo analítico integrado para obter feedback sobre atividades de aprendizagem que podem ser usadas para desenvolvimento posterior.
- conceção de sessão flexível: o planeador de sessão intuitivo permite que os formadores editem e ajustem ou até mesmo redesenhem as sessões à medida que os educadores progridem no seu ensino.
- abordagem híbrida: as sessões de aprendizagem também podem ser adaptadas a atividades online e presenciais, o que permite aos professores utilizar esta ferramenta extensivamente.
Através deste link, pode testar a ferramenta, participando numa sessão de teste, de forma gratuita. A Perculus também partilha um blogue útil que resume sete estratégias de ensino bem-sucedidas que podem ser implementadas de forma eficiente em programas de aprendizagem online.
Pensamentos finais
À medida que a transformação digital da aprendizagem de adultos acelera, a necessidade de maximizar o envolvimento dos alunos em ambientes online torna-se fundamental. Motivar os alunos adultos, especialmente os que enfrentam desafios em competências básicas e em proficiência digital, é uma tarefa multifacetada. As estatísticas do Eurostat sublinham a crescente participação dos adultos na educação e na formação, impulsionada principalmente pela procura de melhores perspetivas de emprego e de progressão na carreira. No entanto, manter o envolvimento a longo prazo, especialmente no cenário em rápida evolução da educação digital pós-COVID-19, exige considerações estratégicas.
Os desafios são duplos: manutenção de alunos e integração eficaz de ferramentas digitais.
A manutenção de alunos, influenciada por diversos fatores, como o interesse pessoal, a relevância do curso e um ambiente de aprendizagem favorável, requer uma abordagem holística. Enfrentar barreiras, incluindo aspetos situacionais, institucionais e disposicionais, exige uma conceção de ensino diferenciada.
No domínio das ferramentas digitais, o artigo enfatiza três componentes críticos para um envolvimento eficaz: fatores pessoais, interação social e contextos de aprendizagem baseados em problemas. Destacando a importância da escolha, personalização e construção de comunidade, o artigo apresenta considerações tanto para os formadores quanto para a seleção de ferramentas digitais. O estudo de caso da Perculus exemplifica uma ferramenta inovadora projetada para promover o envolvimento do aluno através de aspetos interativos, capacidades de avaliação e de uma abordagem híbrida flexível. À medida que o panorama digital evolui, a consideração cuidadosa das ferramentas, orientada por estruturas como a Skillrise, torna-se essencial, garantindo que a tecnologia melhore, em vez de dificultar a experiência de aprendizagem dos adultos.
Concluindo, a jornada para maximizar o envolvimento dos alunos adultos em ambientes online é dinâmica, exigindo adaptação contínua, planeamento estratégico e um compromisso com a evolução das necessidades dos alunos adultos na era digital.
Para mais recursos na EPALE, consulte o seguinte conteúdo relevante:
- OER: Designing Successful Digital Basic Skills Programs for Adults
- OER section on Ensuring Learner Motivation and Persistence
Autor desta publicação de blogue: Tamás Harangozó
Maximising engagement in learning environment
Online education is a tool widely used by adults’ learners as it allows them to have greater flexibility and a better balance with the rest of their responsibilities, however it is true that the engagement of students in online learning sometimes slackens.
That's why I find very interesting the points discussed in this article, such as that it is very important to encourage active reflection among the learners, to ensure that they retained the information they are learning.
I also find very important to ensure the link between the learners, building a community where they can learn together, and aspect that it obviously more difficult to achieve in online learning.
And lastly the topic about working with real life problems describes very well how to motivate them.
The new tool Perculus is the living example of how we can create with the helping of technology a new learning context for adults.