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Newsletter IA @ Edu | Edição Especial - Horizon Report 2025

Newsletter IA @ Edu | Edição Especial - Horizon Report 2025 | junho’25
Seleção ponderada, acessível e humanista sobre Inteligência Artificial na Educação

Newsletter Recortes sobre Inteligência Artificial na Educação

[Edição Especial - Horizon Report 2025 | junho’25]

Seleção ponderada, acessível e humanista sobre Inteligência Artificial na Educação 

Link para a newsletter integral: https://recortesiaedu.substack.com/

Website principal: http://iaedu.joaopinto.net/

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✍️Editorial

É com particular entusiasmo que partilhamos convosco a primeira edição especial da nossa newsletter. Nesta publicação, centramos o olhar no Horizon Report - Teaching and Learning Edition 2025, onde encontramos uma visão panorâmica das tendências, desafios e oportunidades que a IA traz para o ensino superior. 

Abordamos temas como a integração da IA nas práticas pedagógicas, o seu impacto nos processos de avaliação, os dilemas éticos que levanta e a urgência de desenvolver uma cultura institucional mais crítica, participativa e adaptativa. 

Convidamos-vos, então, a explorarem connosco estas perspetivas, com curiosidade e sentido crítico, procurando inspiração para (re)pensar o presente e o futuro do ensino superior em tempos de transformação acelerada.

Boas leituras!

João Pinto | www.joaopinto.net

Robert, J., Muscanell, N., McCormack, M., Pelletier, K., Arnold, K., Arbino, N., Young, K., & Reeves, J. (2025). 2025 EDUCAUSE Horizon Report, Teaching and Learning Edition. EDUCAUSE. https://library.educause.edu/resources/2025/5/2025-educause-horizon-report-teaching-and-learning-edition

 

📘 Horizon Report - Teaching and Learning Edition 2025

O que é? É uma publicação internacional de referência científica que identifica tendências emergentes, tecnologias-chave e possíveis cenários futuros com impacto no ensino superior. Produzido anualmente, o relatório resulta de um processo colaborativo que envolve um painel internacional de especialistas. 

De que fala? Além de abordar outros temas, como as “Policrises” (p. 6), destaca, sobretudo, o papel da IA na reconfiguração dos modos de ensinar, aprender, avaliar e organizar o trabalho académico. Propõe-se mapear os desafios e dilemas que o ensino superior enfrenta num contexto marcado por rápidas transformações sociais, políticas e tecnológicas. 

Porque interessa? A sua importância reside na capacidade de oferecer pistas práticas, éticas e estratégicas para orientar decisões institucionais e pedagógicas. Num tempo em que a IA ocupa um lugar central nas conversas sobre o futuro da educação, o Horizon Report oferece aos docentes uma bússola crítica para refletir, antecipar e agir.

Onde está? Está disponível online [AQUI], em acesso aberto e em inglês.

 

🤖 Ferramentas de IA para Ensino e Aprendizagem

O relatório destaca que as ferramentas de IA “têm o potencial para ser umas das tecnologias mais impactantes” (p. 25) para o futuro do ensino superior.

As ferramentas de IA têm potencial para transformar profundamente o ensino superior. Entre elas salientam-se os tutores virtuais, os assistentes de ensino e os serviços personalizados de apoio ao estudante. Com funcionalidades como tradução automática, legendas em tempo real ou síntese de voz, estas tecnologias tornam o ensino mais inclusivo e acessível. Além disso, adaptam-se ao ritmo e ao estilo de aprendizagem de cada estudante, superando o modelo uniforme ainda dominante. À medida que os estudantes se habituam a este tipo de apoio noutros contextos, é expectável que exijam o mesmo nível de resposta no ensino superior, pressionando as instituições a incorporarem estas tecnologias de forma estratégica.

Reflexão: A integração da IA levanta desafios sérios. A automatização excessiva pode comprometer competências humanas essenciais, como o pensamento crítico ou a criatividade. Que lugar deve continuar reservado ao professor e ao estudante? Se a máquina responde a tudo, como manter o gosto pela descoberta? Precisamos de garantir que a IA complemente (e não substitua) competências fundamentais como o pensamento crítico, o discernimento ético ou a empatia. A IA deve ser usada como ponto de partida para o debate, não como fim em si mesma. Só assim se evita o risco da acomodação e se promove uma reflexão ativa.

Comentário: É necessário equilibrar o entusiasmo com prudência. A IA pode ser uma aliada valiosa, desde que o seu uso seja consciente e orientado. Neste sentido, é urgente formar docentes, rever práticas avaliativas e criar espaços permanentes de diálogo. O elemento humano deve permanecer no centro da experiência educativa.

 

🧑 Formação docente em IA generativa

O relatório enfatiza que a IA está “exigindo novos tipos de desenvolvimento profissional para profissionais de ensino e aprendizagem” (p. 28).

A disseminação acelerada das ferramentas de IA generativa no ensino superior torna urgente a atualização da formação docente. Já não basta dominar os fundamentos pedagógicos tradicionais, é necessário compreender como funcionam estas tecnologias, os seus riscos, as suas possibilidades e as implicações éticas da sua utilização em sala de aula. O relatório constata que, embora poucos docentes sejam pressionados a utilizar IA, todos são chamados a ensiná-la e a refletir sobre ela com os seus estudantes. O papel do professor passa a ser o de mediador entre o potencial da tecnologia e os princípios da educação crítica. Torna-se, assim, imprescindível incluir a IA nos programas de desenvolvimento profissional docente.

Reflexão: Esta necessidade emerge num contexto já marcado por sobrecarga laboral e escassez de recursos. Muitos docentes enfrentam cansaço acumulado e exigências crescentes. Como garantir formação em IA sem agravar esse cenário? A resposta não passa por soluções uniformes, mas por modelos flexíveis, adaptáveis a diferentes realidades institucionais e áreas disciplinares. E, mais importante ainda, é necessário envolver os próprios professores na conceção dessa formação, reconhecendo os seus saberes, dúvidas e experiências. 

Comentário: A capacitação docente em IA deve ser encarada como um investimento estratégico, nomeadamente na capacitação dos professores. Só assim será possível construir, de forma partilhada, o conhecimento e as regras claras necessárias para usar a IA como aliada da educação, preservando simultaneamente o valor pedagógico do ensino universitário.

 

⚖️ Governança da IA

O relatório salienta que “a governança de IA pode ser considerada um pré-requisito” (p. 31) para outras iniciativas. 

Sem uma estrutura orientadora clara, a adoção tecnológica torna-se arriscada, tanto do ponto de vista ético como legal. Uma boa governança implica estabelecer políticas, processos e objetivos que regulem o uso da IA, desde a proteção de dados até à integridade académica. Na prática, pode traduzir-se na criação de comissões internas, na definição de normas de segurança, na avaliação de software ou na conformidade com o RGPD. Assim, a governança oferece uma base estável para uma utilização responsável da IA no ensino superior.

Reflexão: O principal desafio reside em encontrar o equilíbrio entre o excesso e a ausência de regulação. Regras demasiado rígidas inibem a experimentação; diretrizes vagas deixam docentes e estudantes sem orientação. Por isso, o relatório defende modelos participativos e dinâmicos de governança, que envolvam diferentes atores da comunidade académica. Cada instituição deve adaptar as políticas ao seu contexto, garantindo coerência ética, clareza nas práticas e compromisso coletivo.

Comentário: A construção de uma boa governança em IA deve ser colaborativa e preventiva. É fundamental criar grupos de trabalho, promover debates internos e disponibilizar orientações acessíveis que sensibilizem toda a comunidade. Com diálogo aberto e atualizações regulares, é possível garantir que a inovação tecnológica ande a par da confiança e da participação informada de todos os membros da academia.

 

💻 Literacia digital crítica

O relatório refere que “todas as partes interessadas na comunidade do ensino superior devem ser capazes de criticar, julgar e interpretar tudo o que veem e ouvem em espaços digitais” (p.40).

Com o avanço da IA generativa, torna-se urgente reforçar a literacia digital crítica no ensino superior. Mais do que saber utilizar ferramentas, trata-se de capacitar estudantes e docentes para avaliar a fiabilidade das informações, identificar vieses algorítmicos e desconfiar de conteúdos automatizados. A criação de textos, imagens ou dados por máquinas exige novas competências analíticas. Atividades como a verificação de notícias geradas por IA ou a análise de resultados de tradutores automáticos podem estimular o pensamento crítico em sala de aula. Esta abordagem contribui para preservar o rigor académico e a autonomia intelectual num cenário mediático cada vez mais moldado por algoritmos.

Reflexão: Apesar de não ser um conceito novo, a literacia digital crítica continua a ser um desafio atual e essencial. O relatório alerta que, por ser uma preocupação antiga, tende a ser negligenciada. A ausência de consenso sobre como ensiná-la, a polarização ideológica e os recursos limitados dificultam a sua implementação. Soluções viáveis passam pela integração transversal do tema no currículo e pela colaboração com bibliotecas na criação de recursos específicos e adaptados às necessidades locais.

Comentário: Incorporar a literacia digital crítica exige uma verdadeira mudança cultural e deve ser encarada como um investimento imprescindível. Práticas simples como debates sobre conteúdos gerados por IA e/ou oficinas sobre fontes digitais, podem promover um ensino mais atento, reflexivo e intelectualmente autónomo.

 

📝 Apontamentos 

Avaliação da aprendizagem com IA generativa

A IA generativa está a desafiar os métodos tradicionais de avaliação no ensino superior (p.9), exigindo novas abordagens pedagógicas. Embora possa comprometer a integridade académica, oferece também potencial para apoiar o feedback e personalizar a aprendizagem. Para o relatório, a chave está em envolver os estudantes, utilizar critérios claros e aplicar a tecnologia de forma crítica, transformando a IA de ameaça em oportunidade. O modelo clássico de avaliação encontra-se em crise, mas a IA pode impulsionar uma avaliação mais formativa, centrada no pensamento crítico.

Cognição e aprendizagem autorregulada com apoio da IA

Segundo o relatório, a IA tem o potencial de melhorar a cognição e a autorregulação da aprendizagem (p. 9), especialmente no ensino online. Ao monitorizar o progresso e sugerir estratégias personalizadas, permite detetar dificuldades e reforçar a metacognição. No entanto, exige que os estudantes desenvolvam pensamento crítico e literacia digital. Por isso, é essencial utilizá-la como aliada, e não como dependência. Os tutores digitais são úteis, mas o foco deve estar na autonomia, na reflexão e na tomada de decisões conscientes, com atenção à privacidade e aos vieses algorítmicos.

A falta ou ineficácia das regulamentações para a IA

O relatório destaca a ausência de regulamentação eficaz (p. 21) para o uso da IA no ensino superior, num cenário em que a tecnologia avança mais rapidamente do que as políticas públicas. Esta lacuna gera riscos éticos, insegurança jurídica e desigualdades no acesso. Sem orientações claras, as instituições recorrem a interpretações locais, muitas vezes incoerentes, dificultando a criação de ambientes educativos justos, transparentes e sustentáveis numa era de crescente utilização da inteligência artificial.

 

🧭 Cenários futuros da educação com IA

O relatório apresenta quatro cenários plausíveis para o futuro do ensino superior (p. 43):

  • Crescimento: a IA e a realidade virtual criam ecossistemas de aprendizagem hiperpersonalizados, onde os estudantes aprendem ao seu ritmo e com apoio constante. 

  • Constrangimento: a IA é usada para controlo da qualidade e previsão de desempenho, mas a desigualdade cresce e o ceticismo público aumenta.

  • Colapso: o uso generalizado e acrítico da IA mina a confiança nas instituições académicas, levando à perda de relevância do ensino superior. 

  • Transformação: a IA integra-se em parcerias com empresas, redefinindo prioridades curriculares, mas enfraquecendo áreas como as humanidades. 

Do ponto de vista pedagógico, estes cenários devem estimular reflexão nas instituições, permitindo explorar as suas implicações práticas. Que tipo de universidade queremos? Que perfil de estudante estamos a formar? Como garantir que a IA potencia o ensino, sem o desumanizar? Ao antecipar futuros possíveis, podemos tomar decisões mais conscientes no presente. Assim, estes cenários funcionam como ferramentas essenciais para construir um ensino superior que integre a IA de forma mais sustentável.

 

🎧 Áudio-resumo

Este é um áudio com um resumo mais abrangente do relatório que, para além de abordar o impacto da IA, reflete também sobre os futuros possíveis do ensino superior. Destaca as atuais policrises e os impactos das tecnologias emergentes na cognição, como a Realidade Virtual e a Inteligência Artificial. 

Se, por um lado, a IA abre possibilidades de personalização da aprendizagem, por outro, levanta sérias questões éticas, exigindo uma formação docente sólida e mecanismos de governança eficazes. Neste cenário, a literacia digital crítica e a cibersegurança tornam-se competências essenciais. 

A conclusão é clara, é necessária uma transformação rápida e consciente, que equilibre inovação tecnológica com qualidades humanas, promova a equidade e mantenha vivo o propósito formativo do ensino superior.

>> Ouvir o áudio [AQUI]

 

👋 Até à próxima edição...

E chegámos ao final desta edição especial, construída a partir da análise do Horizon Report – Teaching and Learning Edition 2025.

Fica claro que o futuro do ensino superior depende, em grande parte, da forma como a IA será integrada nas instituições, não apenas como tecnologia, mas como parte de uma cultura educativa ética, crítica e inclusiva. A principal conclusão que queremos deixar é que a inovação só será verdadeira se estiver orientada por valores pedagógicos e pelo compromisso com a humanidade que a educação deve preservar.

Até à próxima, com mais recortes, ideias e provocações que nos ajudem a pensar e a agir no presente, rumo a um futuro educativo mais consciente.

Obrigado pela tua companhia!

Recortes IA @ EDU

 

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