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O Elemento Humano: o Coaching na Era da IA

Descubra como a tecnologia está a reconfigurar o coaching e o que isso significa para a interação humana, a empatia e o desenvolvimento.

human

Autoria: Saskia Dr. Eschenbacher

Tradução: EPALE Portugal

 

O que é que é exclusivamente humano?

Há alguns anos, durante o meu doutoramento, tive o privilégio de assistir a uma aula com Thomas Schärtl-Trendel. A aula explorou a questão do que significa ser humano, ou, por outras palavras, “Ser humano - Ser uma pessoa – a Autoconsciência” (Menschsein - Personsein - Selbstbewusstsein). Uma das coisas que aprendi foi que não existe uma caraterística essencial ou definidora (Wesensmerkmal) do ser humano que nenhum outro ser vivo tenha. O que foi intrigante foi explorar a linha de demarcação (Demarkationslinie) entre humano e não-humano. Esta mesma linha, e a questão do que é exclusivamente humano, volta a ser-me colocada enquanto educador de adultos, terapeuta e coach a trabalhar com IA.

No próximo mês de outubro, a Universidade da Colômbia irá acolher uma conferência sobre coaching que levanta questões sobre a IA e o coaching. Uma das quais é “O que é que o coaching tem de exclusivamente humano?”. Esta pergunta convida-nos a redefinir o que significa ser humano à luz da IA, o que de novo questiona a natureza humana.

O convite à participação na conferência oferece matéria para reflexão, questionando capacidades exclusivamente humanas (aspetos que a IA ainda não consegue reproduzir) e exemplos de atributos humanos fundamentais, como a empatia. Olhando para o que aprendi há alguns anos, a questão do que é exclusivamente humano pode não conduzir a uma resposta consolidada ou a qualquer resposta - pelo menos por enquanto. Em vez disso, talvez seja mais promissor aprender a conviver com a questão - como sugere Rilke, mesmo que isso signifique viver com incerteza e curiosidade (Rilke, R. M. (1929/2018). Cartas a um jovem poeta. Suhrkamp Verlag).

Mas o que é que isso significa exatamente e como é que se traduz na nossa prática no que se refere ao coaching?

Coaching à escala

O Coach Vici de Nicky Terblanche - por exemplo - afirma ser tão eficaz quanto os coaches humanos no que se refere a ajudar a atingir objetivos e a melhorar o desempenho no trabalho, estando disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, a um custo moderado para o empregador. Isto tem implicações não só para a aprendizagem no local de trabalho, mas também noutras esferas da nossa vida, como os encontros: Matthew Hussey, um coach de encontros, disponibiliza um avatar, uma versão de si próprio baseada na sua própria experiência e conhecimentos. Mediante o pagamento de uma taxa de adesão, o utilizador pode fazer perguntas ou pedir à IA que analise as fotografias que está prestes a carregar no seu perfil de encontros.

A IA é excelente no reconhecimento de padrões, que está no cerne do coaching, e não surge com a experiência vivida de um único ser humano (porque a IA foi treinada como IA por milhões de experiências humanas). Como coaches - e como educadores de adultos e aprendentes em geral - percebemos, compreendemos, interpretamos e damos sentido ao que ouvimos em termos da nossa experiência vivida. É preciso coragem e vulnerabilidade para partilhar as nossas maiores esperanças e medos mais profundos com um coach. Não é surpreendente que alguém se possa virar para o ChatGPT e procure respostas no anonimato da Internet - ou melhor, na perceção do anonimato. No que diz respeito às enormes questões de privacidade que ainda não foram resolvidas, podemos estar a iludir-nos, uma vez que o anonimato não existe na Internet. No entanto, as vantagens são óbvias: o coaching torna-se mais acessível para um público mais vasto.

Mas há um lado mais negro nesta forma não-humana de coaching. Esther Perel, terapeuta sexual e de relações, aponta para outra IA - a intimidade artificial - “todas as experiências que temos atualmente são pseudo-experiências. Deveriam dar-nos a sensação de algo real, mas não dão”. Perel fala da necessidade de ligação e de comunidade, e “de transcender os fardos do eu que nunca foram tão pesados, de ter uma liberdade sem precedentes, mas também de viver com a tirania da dúvida e da incerteza sem precedentes”. Neste caso, o aumento da IA no coaching pode, pelo menos em certa medida, estar a contribuir para o que nos faz procurar apoio em primeiro lugar quando se trata da solidão moderna. O desafio de ser vulnerável na companhia de outros, como um coach, satisfaz a necessidade e o desejo de ligação. Nesse caso, a experiência vivida pelos outros pode ser um dos maiores trunfos enquanto fonte de empatia e de sentimento de pertença.

Conviver com a questão

Uma das questões que permanece sem resposta, e com a qual talvez tenhamos de viver, é se a IA será ou não, ou em parte já é, um melhor coach. Ou, num sentido rortyano (Rorty, R. (1989). Contingency, irony, and solidarity. Cambridge University Press), poderíamos colocar outra questão, levantada pelos colegas que organizaram a conferência sobre coaching, sobre a forma como a IA e o coaching humano podem ser eficazmente combinados. Como seria este potencial futuro híbrido? Em vez de competirem, a IA e o coaching humano poderiam complementar-se mutuamente.

Uma forma de imaginar e de criar esta parceria poderia ser a IA a apoiar a relação de coaching, fornecendo informações baseadas em dados sobre padrões e aspetos que o coach humano poderia não ver, oferecendo sugestões de intervenção baseadas em evidências, tratando de tarefas administrativas, tais como agendamento e lembretes de acompanhamento, ou fornecendo apoio entre sessões.

Entretanto, o coach humano poderia centrar-se mais numa presença incorporada, na deteção intuitiva da comunicação não-verbal, na compreensão contextual baseada na experiência vivida e na presença de emoções desconfortáveis que possam fazer parte da sessão de coaching.

Se vivermos estas perguntas, talvez um dia vivamos também as respostas, se Rilke tiver razão, e talvez descubramos que a resposta não vem da competição com as máquinas, mas de abraçarmos mais profundamente a nossa humanidade.

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Comentário

„Sztuczna intymność” w kontekście korzystania ze sztucznej inteligencji do szeroko rozumianego poradnictwa – to właśnie określenie, którego mi brakowało!

Być może w coachingu AI sprawdzi się całkiem dobrze, być może tej intymności nie potrzeba tak wiele. Jednak już w tutoringu czy w mentoringu, dużo ważniejsza jest empatia - dostrzeganie potrzeb, emocji i motywacji. 
Co jeszcze może dać człowiek, a czego nie da AI? 
- umiejętność / możliwość obserwacji klienta w działaniu / zachowaniu i dawania informacji zwrotnej na temat wzorców postępowania, potencjału, obszarów do pracy,
- "zarażanie" swoją własną pasją i podejściem do rozwoju,
- dzielenie się swoimi osobistymi zmaganiami i porażkami oraz lekcjami jakie można z nich wyciągnąć.

Bliskie jest mi podejście: zamiast konkurować, AI i człowiek może się wzajemnie uzupełniać. 

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W coachingu, takim bez AI mam wrażenie, że działa również magia autorytetu, żywej osoby, która nas prowadzi. Buduję to odpowiedzialność nie tylko przed samym sobą. Myślę, że o wiele łatwiej zlekceważyć model AI, niż żywego człowieka.

Inne emocje, inne wymagania wobec samego siebie, widzę to choćby w postawie na zajęciach online. O ile łatwiej wyłączyć kamerę niż schować się na wykładzie za filarem.

 

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Zaintrygował mnie wątek „coachingu z udziałem AI” – brzmi jak science fiction, ale też jak coś całkiem realnego. Czy są już przykłady narzędzi, które faktycznie wspierają coachów, nie zastępując ich, ale np. pomagając w analizie celów czy postępów klientów? Chętnie bym o takich rozwiązaniach poczytał więcej.

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