Tal como o título indica, este relatório, da Fundação José Neves, analisa o estado da nação, em 2022, tendo em conta a interligação entre a educação, o emprego e as competências.

O relatório insere-se nas atividades da Fundação que visam contribuir para “transformar Portugal numa sociedade do conhecimento através da educação, alinhada com as necessidades do futuro”.

Neste sentido, o relatório procura “promover a discussão pública das debilidades e oportunidades da educação e do sistema de desenvolvimento de competências”, atualizando as tendências após dois anos de pandemia e focando-se em temas considerados estruturais e centrais como os ganhos salariais nos vários níveis de educação e a relação entre a educação e a produtividade. É igualmente destacada a existência de um novo paradigma para o mercado de trabalho, que assenta nas competências em vez das profissões, e apresentada uma visão de futuro com uma definição de metas para “um Portugal do conhecimento em 2040”.

A educação é assumida como sendo “fundamental para um Portugal mais desenvolvido e de futuro para os seus cidadãos”, razão pela qual importa “assegurar os incentivos adequados à aposta na educação”, bem como “garantir que o mercado de trabalho acompanha o movimento de qualificação dos portugueses, principalmente dos mais jovens, de forma a não defraudar expectativas das gerações atuais e futuras”.

Todavia, as tendências não têm sido nesse sentido. “Os salários praticados em Portugal são baixos face à média da União Europeia e numa década aumentaram apenas para os menos qualificados”, refere a Fundação neste relatório, acrescentando que “para os mais qualificados, a perda chegou aos 11%, o que se traduz numa diminuição dos ganhos associados a mais educação. Continuar a estudar compensa, mas Portugal arrisca-se a comprometer os incentivos das gerações vindouras a prosseguir os estudos”.

Com respeito à produtividade, esta “caiu de 70% para 66% da média europeia, de 2013 para 2019, e nem o aumento assinalável das qualificações das gerações mais jovens inverteu esta tendência”. Sendo o aumento da produtividade dependente das qualificações da força de trabalho das empresas, importa, no entender da Fundação, criar as condições para o seu aumento, através de incentivos à aposta na educação. O relatório recorda, a este respeito, que 47,5% dos empregadores em Portugal têm baixas qualificações, o que representa praticamente o triplo da média europeia. Além disso, só 16% das empresas apostam na formação dos seus trabalhadores.

Em acréscimo, é necessário reforçar a aposta na formação ao longo da vida, atendendo à mobilidade crescente entre empregos registada na última década: “a percentagem de trabalhadores que mudam de profissão num ano aumentou de 8% em 2015 para 10% em 2019”.

No novo paradigma assente nas competências, têm sido as competências de colaboração, de comunicação, de gestão e de criatividade as que têm dado acesso “às profissões com maior potencial”.

Após o choque pandémico o mercado de trabalho em Portugal tem vindo a recuperar mas “de forma incompleta e desigual, com prejuízo dos mais jovens e dos menos qualificados”. Além disso, a pandemia reforçou a procura de mão-de-obra qualificada em termos de competências digitais: “Em 2021, 63% das ofertas de empego pediam competências digitais, o que compara com 54% em 2019”.

Em suma, o relatório infere que a evolução do País “tem sido positiva, mas ainda subsistem enormes desafios para que Portugal se transforme numa verdadeira sociedade do conhecimento”. No imediato, a Fundação considera ser necessário “apoiar os mais jovens e os menos qualificados - os grupos mais afetados pela pandemia, continuar a apostar na educação e formação alinhada com as necessidades do mercado de trabalho e garantir retornos adequados a mais educação”.

Leia a totalidade deste relatório em https://joseneves.org/pt/ e assista ou reveja o evento onde este relatório foi apresentado aqui.