Momentos da Conferência da Comunidade EPALE de 2024

Nos salões históricos de Salaborsa, em Bolonha, uma cidade conhecida tanto pela sua antiga universidade como pelo seu espírito de solidariedade, a Plataforma Europeia para a Educação de Adultos (EPALE) celebrou o facto de ter atingido 150.000 membros com uma conferência que pareceu menos uma reunião formal e mais um mercado vibrante de ideias. A energia era palpável à medida que educadores, decisores políticos, heróis da EPALE e profissionais se juntavam para reimaginar a educação de adultos para o nosso mundo em rápida mudança.
Direitos digitais num mundo cada vez mais interligado
“A liberdade de expressão é mais ampla do que a liberdade de discurso - trata-se de expressão política e pessoal garantida, independentemente das fronteiras”, afirmou Jillian C. York, Diretora da Fundação Fronteira Eletrónica. A sua abordagem apaixonada repercutiu-se por toda a sala, ao explicar como as nossas vidas digitais são cada vez mais controladas por empresas privadas. York sublinhou a forma como as empresas privadas têm agora um controlo sem precedentes sobre os espaços digitais e a necessidade de quadros universais para proteger os direitos online, garantindo simultaneamente segurança. O que mais impressionou foi a sua história pessoal de ter sido banida de uma plataforma por ter partilhado conteúdos de sensibilização sobre o cancro da mama - uma chamada de atenção clara de como a moderação automatizada pode silenciar conversas importantes.
O tempo: a dimensão oculta da aprendizagem
Michel Alhadeff-Jones, Diretor Executivo do Instituto Sunkhronos, trouxe uma perspetiva refrescante sobre um recurso que muitas vezes tomamos como garantido: o tempo. “Somos ultrapassados pelo tempo: transição tecnológica, urgência climática. Nunca temos tempo”, observou, e as suas palavras têm um peso especial no nosso mundo pós-pandémico. O seu conceito de “intelligence rítmica” - encontrar ritmos de aprendizagem sustentáveis - pareceu particularmente relevante para os que conciliam trabalho, família e educação.
A criatividade como caminho para a capacitação
Um painel apelativo sobre criatividade trouxe abordagens inovadoras à educação de adultos. Sonia Nandzik-Herman partilhou histórias comoventes do seu trabalho com refugiados em Lesbos, descrevendo como os processos criativos ajudam os indivíduos a recuperar a sua identidade para lá do seu estatuto de refugiado. “Através da criatividade, podem começar a decidir por si próprios, a assumir o controlo”, explicou, com a sua voz a transmitir anos de experiência na transformação de vidas através da arte.
O produtor de teatro Airan Berg acrescentou uma perspetiva poderosa: “Não há aprendizagem sem criatividade. Todos nós somos aprendizes especialistas da nossa própria vida”. O seu trabalho nas prisões austríacas demonstrou como as artes podem ultrapassar as divisões e criar espaços para uma verdadeira ligação humana.
Competências digitais para um futuro alimentado por IA
Michael Horgan, da DG Emprego, trouxe dados para o debate, destacando o ambicioso objetivo da UE: 80% dos cidadãos dotados de competências digitais básicas até 2030. “A IA aumenta a necessidade de competências digitais, em particular do pensamento crítico”, sublinhou, referindo que cerca de 60% dos trabalhadores já precisam de utilizar a IA nos seus empregos.
Sustentabilidade e Justiça Social
Os debates finais da conferência juntaram as preocupações ambientais à justiça social. Christelle Gilabert transmitiu uma mensagem poderosa: “A ecologia está ligada ao feminismo e à justiça descolonial. Trata-se de padrões de vida para todos”. As suas palavras desafiaram-nos a pensar para além das ações individuais para uma mudança sistémica.
Olhar em FRENTE
Conforme referiu a Comissária Iliana Ivanova nas suas observações iniciais, a educação de adultos continua a ser um instrumento crucial para a capacitação. A conferência demonstrou que, embora os desafios sejam significativos - desde as clivagens digitais à crise climática -, o espírito de inovação e de ligação humana na educação de adultos continuam fortes. O encontro não só celebrou a crescente comunidade da EPALE, como também reforçou o papel crucial da plataforma na ligação dos educadores de adultos através de 32 línguas.
“Esta não é apenas uma conferência sobre a forma como organizamos a educação de adultos, mas é também um momento para desacelerar e refletir sobre o mundo de amanhã e a nossa condição humana”, afirmou Ulrike Storost, da DG EAC. A diversidade de vozes e de perspetivas partilhadas em Bolonha e online recordou-nos que a educação de adultos não se resume à aquisição de competências - trata-se de criar espaços onde a transformação se torna possível, onde a criatividade floresce e onde a aprendizagem se torna um instrumento de mudança pessoal e social.
Basta clicar nas ligações abaixo para ver as gravações de cada dia da conferência.
Great summary
Adult education is a tool empowering students and teachers alike